Quem é Erika Hilton e Duda Salabert? Saiba quem são as duas vereadoras trans eleitas com maior número de votos
Por Marco Ferreira
As eleições municipais no Brasil que aconteceram no dia 15 de Novembro fez história em muitas regiões do país. Foi visto a eleição histórica e uma grande conquista para comunidade LGBTQ+, em que foram eleitas 80 vereadores e, desse total, 30 são mulheres e homens transexuais. No texto, “TRANSformação na política brasileira: A representatividade trans nas eleições municipais de 2020”, fizemos um parâmetro das candidaturas trans e aqui, daremos destaque às duas das vereadoras mais votadas: Erika Hilton e Duda Salabert.
Mulher periférica, negra e trans, Erika Hilton foi eleita vereadora da capital de São Paulo com 50.508 votos, sendo a parlamentar mais votada nas eleições de 2020. Natural de Franco da Rocha, em São Paulo, sofreu com a rejeição familiar e seguiu o caminho da prostituição para subsistência. Em 2015 iniciou na política através do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Com projetos de cunho social em prol da inclusão das mulheres trans e negras na sociedade, ela fundou o curso pré- vestibular para travestis e transexuais da Universidade Federal de São Carlos. Em 2018 foi eleita uma das codeputadas da Bancada Ativista.
Erika promete defender a educação, moradia e renda, principalmente para comunidade LGBTQ+, negra e periférica. Em seu primeiro ano de mandato, ela objetiva ampliar o Projeto Transcidadania, criado em 2015 na gestão do Fernando Haddad (PT). O projeto tem como principal objetivo oferecer formação escolar e auxílio financeiro para pessoas transexuais e travestis. Ela pretende implementar um programa de moradia e auxiliar no fortalecimento no sistema da saúde e da educação pública de São Paulo.
“Eu sou um corpo pobre, negro, travesti. Um corpo que dormiu nos coretos das praças porque não tinha para onde ir. Minha vida inteira eu sempre precisei brigar para sobreviver”. (...) “Quando a gente caminha, ninguém retrocede. A ascensão do homem negro, da mulher negra, da travesti não significa o retrocesso de ninguém, pelo contrário. Angela Davis já dizia: quando uma mulher se movimenta, toda a sociedade se movimenta com ela”, disse Erika a entrevista concedida para o jornal El País.
Professora, ambientalista e ativista pelos direitos da comunidade LGBTQ+, Duda Salabert é a primeira vereadora trans eleita na capital mineira, Belo Horizonte.Candidata pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), ela foi eleita com mais de 37 mil votos segundo o TSE.
Nascida no dia 02 de Maio de 1981 em BH, Salabert é professora no renomado Colégio Bernoulli onde atua na área de literatura desde 2007. Casada com Raíssa Novaes desde 2011 e mãe da pequena Sol. Ela é idealizadora e presidenta da ONG Transvest, que tem como objetivo o combate a transfobia e inclusão das mulheres trans na sociedade. O projeto oferece cursos gratuitos de pré-vestibular e de educação para jovens e adultos trans. Em 2018, foi a primeira mulher transexual candidata a senadora da República pelo PSOL representando o Estado de Minas Gerais. Com 35 mil votos, infelizmente, ela não foi eleita.
Salabert tem propostas para o meio ambiente, como articulação de políticas públicas de compostagem, de educação ambiental, de destamponamento de rios. Na área da educação ela promete atuar na execução do projeto “Escola sem Veneno” visando uma alimentação 100% saudável dos estudantes, ampliação da educação bilíngue. Ela também tem propostas para área da saúde e de infraestrutura, e todas as propostas podem ser acessadas através do site oficial da vereadora.
“Eu faço parte de um grupo que 90% estão na prostituição, 91% não concluiu o segundo grau e isso mostra que nós, travestis e transexuais, nunca fomos pauta nem no centro, nem na esquerda e nem na direita. Nós temos que ocupar esses espaços e buscar construir políticas pública sob nossa perspectiva, sob nosso olhar.” disse à Midia Ninja.
As duas vereadoras sonham ainda mais alto e ambas pretendem concorrer a prefeitura e até a presidência. Erika Hilton e Duda Salabert, além das demais eleitas, ocupam espaços sociais importantes para garantir a ampliação das políticas públicas de inclusão da comunidade LGBTQ+ e, principalmente, das mulheres travestis e transexuais negras e periféricas. Vale lembrar que o Brasil lidera o ranking de países que mais mata essas mulheres. Dessa forma, é necessário revolucionar o sistema político no país para TRANSformá-lo mais inclusivo e digno.
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