E-título, uma relação de amor e ódio


Aplicativo, que surgiu há três anos, se popularizou em 2020, causando divergência entre eleitores

Reportagem: Victor Alexsander

No próximo dia 29, eleitoras e eleitores de  57 municípios brasileiros irão às urnas novamente, para escolher, dentre os candidatos, qual deve ser o funcionário público a ocupar a cadeira do poder Executivo local pelos próximos quatro anos. Isso porque, das 95 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes (os que estão aptos ao segundo pleito), 37 elegeram seu representante no primeiro turno. Não houve primeiro turno, entretanto, em Macapá (AP), devido à crise energética.

Além das adaptações com a pandemia, as eleições municipais de 2020 estão contando com uma figura ilustre: o e-título, que tem dividido opiniões de cidadãos espalhados pelo país. 

Teve gente sofrendo de mal súbito:

Outros fizeram questão da comparação: 

 Alguns até comemoraram:

E a “amnésia eleitoral” passou a ser aceita nas redes: 



O e-título surgiu em 2017 e é um aplicativo móvel, que exibe a via digital do famoso título de eleitor. Este software apresenta dados como: zona eleitoral, situação cadastral, além da certidão de quitação eleitoral e da certidão de crimes eleitorais. No primeiro turno, entretanto, o uso deste documento eletrônico dividiu opiniões.

No primeiro turno,  mais de 147,9 milhões de eleitores estavam aptos a participar das eleições municipais de 2020, entre eles, o assistente administrativo Marlúcio Oliveira, 42 anos, que vota em Juiz de Fora (MG) e afirma não ter tido problema nem com a instalação e nem com a utilização do e-título: “app leve, baixei usando a wi-fi, aí baixou rapidamente e instalação demorou menos de um minuto. Coloquei os dados e foi validado também quase que instantaneamente”, afirma.

Já o estudante de Biblioteconomia Paulo Rogério da Silva, 25 anos, que vota em Niterói (RJ), não teve a mesma sorte. “Eu tinha baixado o e-título dias antes da votação e tentei justificar pela manhã, tarde e à noite. Até depois da votação tinha dado erro”, lamenta Silva, ao explicar que insistiu na tentativa pelo computador, mas sem sucesso. “Decepção”, resume ele, antes de se render à multa para justificativa de voto.

O aplicativo apresentou sobrecarga e instabilidade na funcionalidade de justificativa, no dia da eleição, segundo informou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A justificativa do órgão foi que durante todo o dia da votação, cerca de três milhões de pessoas baixaram o aplicativo, com um total de mais de 13 milhões de downloads. “A principal funcionalidade do e-Título é a identificação do eleitor na seção eleitoral. Nesta função específica, não temos tido problemas. No entanto, o aplicativo possui outras funcionalidades, entre elas a consulta do local de votação e a justificativa, para aqueles que estão fora de sua cidade. Nessas funções, e devido à quantidade excessiva de acessos, o aplicativo realmente apresentou instabilidade”, esclareceu o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, em coletiva de imprensa.

Morando em Portugal há três anos, o consultor em tecnologia Douglas Eugênio, 36 anos,  usou o e-título pela primeira vez para justificar o voto: “é a segunda vez que justifico, na outra, foi pelo site e tive que colocar a autorização de residência”. Eugênio elogia a estratégia da eleição brasileira “funcionou muito bem e achei bom utilizar o horário local, assim a rotina não muda”, mas também acrescenta: “achei também muito ruim o TSE não se preparar para a quantidade de pessoas que acessariam o site. Eles tiveram muito tempo”, finaliza.

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Morando em Portugal há três anos, o consultor em tecnologia Douglas Eugênio, 36 anos,  usou o e-título pela primeira vez para justificar o voto: “é a segunda vez que justifico, na outra, foi pelo site e tive que colocar a autorização de residência”. Eugênio elogia a estratégia da eleição brasileira “funcionou muito bem e achei bom utilizar o horário local, assim a rotina não muda”, mas também acrescenta: “achei também muito ruim o TSE não se preparar para a quantidade de pessoas que acessariam o site. Eles tiveram muito tempo”, finaliza.

O engenheiro eletricista Pietro Souza trabalhou nestas eleições, em Juiz de Fora, e afirma que, na seção onde foi mesário, muitos eleitores utilizaram o e-título. Ele apresenta como uma das qualidades do aplicativo facilitar a rotina dos voluntários no pleito que, este ano, acontece durante a pandemia da covid-19: “a gente não pode pegar o documento e o e-título, é mais fácil de ver”, afirma ele, reforçando as qualidades  como estímulo a utilização: “inclusive, eu baixei e usei também”, reforça.

Da mesma maneira, o fisioterapeuta Maxuel Cruz, 28 anos, também foi mesário, mas em São Domingos das Dores (MG), e conta que por lá, o e-título não foi unanimidade: “onde eu trabalhei usaram, mas foram poucas pessoas e todas jovens”, estima o voluntário que também revela que muitos eleitores se queixaram do não funcionamento do aplicativo:  “muita gente reclamou, no dia, que não conseguiu justificar. Então tiveram que ir lá na seção para justificar pessoalmente, o que é um atraso de vida porque é feito manualmente”, analisa. 

O que levar para o dia da votação?

Da mesma maneira que o primeiro turno das eleições, as regras quanto à documentação no segundo turno são as mesmas. É necessário ter em mãos:

Um documento oficial com foto (carteira de identidade, passaporte, carteira de trabalho e afins);

De preferência, seu título de eleitor, já que nele contém sua zona e seção eleitoral; e

Se preferir, você pode baixar o aplicativo e-título, que também contém todas as suas informações eleitorais e, caso tenha feito a biometria, também substitui a necessidade de um documento com foto.

 

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