Profissionais de Comunicação analisam as campanhas de Margarida Salomão e Wilson Rezato
Candidata e candidato à prefeitura de Juiz de Fora diversificam nas estratégias e cometem erros comuns
Por: Victor Alexsander
No dia 29 de novembro, os eleitores de Juiz de Fora vão novamente às urnas, mas, desta vez, de forma definitiva, para escolher quem vai ocupar a cadeira do Executivo municipal pelos próximos quatro anos.
Em uma campanha marcada pela pandemia da Covid-19, os candidatos - e seus assessores - tiveram que se reinventar para marcar presença no dia a dia e, principalmente, na cabeça dos eleitores. Com a circulação reduzida, o famoso corpo a corpo, tão comum nas campanhas políticas, precisou ser substituído por outras formas de comunicação. Neste sentido, a estratégia online dos candidatos foi uma saída viável para lidar com os novos tempos, tão desfavoráveis ao contato pessoal.
“Coloca o rosto dele na maioria, ou em grande parte, das postagens, falando de si próprio, ou do partido”, Francieli Costa, sobre Wilson Rezato.
Do ponto de vista do Marketing Digital, a campanha de Margarida Salomão (PT) soube usar bem todas as técnicas, na avaliação da jornalista e consultora Hágatha Guedes.
“Ela fez um Instagram harmonioso, com técnica de paleta de cores e perfil esteticamente agradável. Fez interações com público, posts pedindo engajamento”, analisa a profissional que destaca ainda a analogia entre o nome da candidata e a flor homônima: “ajuda muito na identificação visual.”
O nome popular da Leucanthemum vulgare e o clima descontraído da campanha, também foram citados pela jornalista Francieli Costa como estratégias inteligentes, usadas pela candidata Margarida, criando, na opinião dela: “um clima leve e descontraído, atraindo um público mais jovem”, avalia.
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| Wilson Rezato (PSB) Foto: Instagram / Divulgação |
Na visão de Hágatha, a combinação dessas estratégias têm, geralmente, um bom resultado, pois a tendência nas redes sociais é de que o engajamento reflita a identificação com determinado perfil. Neste quesito, a petista acertou: “ela é aquela avó engraçada, que não sabe mexer direito no Instagram, a tia que descobriu um app para editar fotos”, exemplifica.
Outra questão positiva, levantada por Francieli é a de que Margarida além de divulgar a própria campanha, levou dados da política local, estadual e nacional, além de construir críticas ao atual governo. Ela ressalta a importância deste panorama político em diferentes contextos. “Isso faz com que os seguidores possam estar mais bem informados”, analisa a jornalista, que também lembra que, por meio dessas informações, Margarida consegue fortalecer mais seus atributos: “reforçam a campanha dela acerca da transparência e busca da difusão de informações, tanto do partido do qual ela faz parte, quanto dos projetos e caminhada política dela”, resume.
“Ela é aquela avó engraçada, que não sabe mexer direito no Instagram, a tia que descobriu um app para editar fotos”, Hágatha Guedes, sobre Margarida Salomão.
Wilson Rezato (PSB), por sua vez, explora bastante a própria imagem, na ponderação de Francieli Costa.“Coloca o rosto dele na maioria, ou em grande parte, das postagens, falando de si próprio, ou do partido”, aponta.
Este rosto começou a aparecer, como afirma Hágatha, desde o último pleito, em 2016, quando Rezato não teve êxito na disputa pelo Executivo municipal. “Wilson investiu em propagandas da sua empresa Rezato, onde o grande destaque era ele. Principalmente, em datas importantes como o aniversário de Juiz de Fora ou o fim de ano”, recorda a profissional, que complementa ainda com uma análise do teor das peças: “aparecia o Wilson, junto com o sócio, falando da cidade, o quanto a empresa contribuiu para o crescimento de JF, o quando ele ama ser juizforano, mostrando sua história de vida”. Desta maneira, na avaliação da especialista, o anônimo empresário se tornou conhecido dos eleitores.
Mas nem tudo são flores, reza a lenda...
Se por um lado, a linguagem e a dinâmica da campanha podem ajudar, tanto Margarida Salomão, quanto Wilson Rezato, cometem falhas na maneira de se comunicar com os eleitores.
A candidata petista deveria, na concepção de Francieli Costa, equilibrar melhor a linguagem nas redes, pois, se por um lado, o humor e a leveza são bons atrativos para a população jovem, podem, se usados em demasia, afastar eleitores de outras faixas etárias: “poderia ser mais inclusiva para todas as idades”, resume.
“Nenhum deles são oradores natos, ou seja, pessoas que falam bem naturalmente. Algumas pessoas podem até achar que a Margarida é, mas não é. No caso da Margarida são anos de sala de aula com mais anos de política que ajuda”, argumenta.
Rezato, embora tenha construído uma campanha em banho-maria não escapa dos olhares atentos de Francieli Costa, que traz à tona a falta de dinâmica da campanha que, como avaliado anteriormente, trouxe como foco o rosto do candidato: “ele poderia trazer nas redes sociais mais postagens de notícias sobre política, criar postagens mais leves e que trazem mais informação aos eleitores”, critica a especialista.
Por sua vez, Hágatha avalia como “extremamente apelativa religiosamente”, a campanha do candidato do Partido Socialista Brasileiro. “Em todas as suas falas durante o horário eleitoral, ele cita Deus, fala de religião e usa figuras religiosas importantes da cidade”, pontua, ampliando a discussão para a falta de criatividade: “vem com o discurso pronto de outros candidatos/empresários de que está se candidatando por querer o melhor para cidade e não ganharia nada com isso, o que não é verdade”, ressalta.
Com pontos positivos e negativos, Margarida e Rezato estão construindo suas trajetórias nesta campanha eleitoral que ainda promete muito desenvolvimento e adaptação. Que vença x melhor.



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