Mulheres negras na política

Por Ana Paula Freitas e Lyvia Fernandes


Você já parou para pensar em quantas mulheres negras ocupam cargos dentro de uma prefeitura? Conhece muitas? Pois bem, falar da representatividade feminina negra é essencial no contexto político. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua do IBGE, mulheres negras representam apenas 2% do Congresso Nacional e são menos de 1% na Câmara dos Deputados. 


Contexto histórico 


As mulheres negras em seu processo político entenderam que não nasceram para perpetuar a imagem da "mãe preta", entenderam que desigualdades são construídas historicamente, a partir de diferentes padrões de hierarquização constituídos pelas relações de gênero e raça, que, mediadas pela classe social, produzem profundas exclusões. São combinações de discriminações que geram exclusões, tendo como explicação a perpetuação do racismo e do machismo.  


Mulheres negras ao longo da história lutaram para garantir seus direitos e plena participação política.O feminismo negro surgiu por volta de 1960 e 1980, especialmente pelo marco da criação da National Black Feminist Organization, fundada em 1973 nos Estados Unidos. Essas situações reproduzidas historicamente impulsionam o movimento feminista em busca de tratamento das questões vinculadas à vida privada como aspectos políticos, demonstrando a complexidade das relações sociais como sexualidade, violência de gênero, trabalho doméstico etc. Na luta por direitos, as mulheres buscam romper com a indiferença em torno de questões cotidianas trazendo-as como demandas para a esfera pública.


No Brasil, o movimento ganhou força no final dos anos 1970, a partir de uma forte demanda das mulheres negras, que não se viam representadas pelos movimentos sociais hegemônicos. Enquanto as mulheres brancas buscavam igualdade de direitos com homens brancos, mulheres negras lutavam para sair da posição de subordinadas, pois sofriam opressão tanto de homens como de mulheres brancas. 


Força feminina 


A participação política de mulheres vem crescendo, mas quando se trata especificamente de mulheres negras, o déficit é grande. Ainda que uma decisão do Superior Tribunal Eleitoral (TSE) tenha estabelecido uma cota de 30% para candidaturas de mulheres nos partidos, não existe nada a com relação a questão racial. Nas eleições municipais de 2020, realizadas no dia 15 de novembro cerca de 277 mil candidatos se identificaram como negros, quase 50% do total. As mulheres afro-brasileiras se apresentaram 23% a mais este ano do que há quatro anos. 


Aline Flausino, agente comunitária de saúde e Sem Terra, eleita  a primeira vereadora negra na cidade de Goianá destaca a importância da causa:  “vivemos numa sociedade totalmente machista, racista e  elitista em que esses passos não são abertos para gente né, principalmente para nós mulheres negras, estamos lá na base da pirâmide mesmo, não ocupamos espaços. Em todos os lugares em que a gente observa as mulheres ganham  muito menos do que os homens, mulheres negras então nem se fala, então eu acho muito importante que a gente tenha essa consciência  de que esses passos são nossos também que nós podemos e devemos estar lá , por isso temos que lutar muito porque eles vão estar sempre fechados e tentando abafar as nossas vozes mas  nós devemos mostrar que podemos e vamos fazer a diferença.” 


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